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É o primeiro sistema importante a funcionar no embrião, surge na terceira semana de desenvolvimento. É um método eficiente de captação de oxigênio e nutrientes do sangue materno e remoção de dióxido de carbono, substituindo a difusão.
Desenvolvimento do coração:
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Primórdio do coração é formado pelo mesoderma esplâncnico
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O primeiro indicio do coração é o par de cordões endoteliais ( cordões angioblásticos) no mesoderma cardiogênico
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Há uma influência indutora a partir do endoderma anterior
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Os cordões angioblásticos se canalizam para formar os tubos cardíacos ( tubos endocárdicos) os quais se fundem, começando na porção cranial e se estendendo na direção caudal, no final da terceira semana para formar o coração tubular.
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O coração começa abater entre o 22 e 23 dia , mas só há fluxo de sangue a partir da quarta semana.
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Quando os tubos cardíacos se fundem, uma camada externa do coração embrionário (miocárdio primitivo) é formado por mesoderma esplâncnico que circunda o celoma pericárdio. Entre o delgado tubo endotelial que compõem o coração e o miocárdio primitivo há um espaço preenchido por um tecido conjuntivo gelatinoso ( geleia cardíaca)
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O endotélio torna-se o revestimento endotelial interno do coração; o miocárdio primitivo torna-se a parede muscular do coração e o epicárdio é derivado de células mesoteliais que se originam da superfície externa do seio venoso e se espalham sobre o miocárdio
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Quando ocorre o dobramento da região cefálica, o coração e a cavidade pericárdica passam a localizar ventralmente ao intestino anterior e caudalmente a membrana bucofaríngea, ao mesmo tempo, o coração se alonga e desenvolve dilatações e constrições: o bulbo cardíaco – composto por tronco arterial, cone arterial e cone cordial, ventrículo, átrio e seio venoso.
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O tronco arterial está em continuidade, cranialmente, com saco aórtico, do qual se originam os arcos aórticos. O seio venoso recebe os seios umbilicais, vitelínicos e cardinais comuns. As extremidades arterial e venosa do coração estão fixados, respectivamente, pelos arcos faríngeos e pelo septo transverso
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O coração se dobra sobre si mesma, formando uma alça bulboventricular U. E à medida que ele se dobra, acaba se invaginando na cavidade pericárdica.
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Inicialmente, o coração está suspenso na parede dorsal pelo mesocárdio dorsal que logo se degenera baixando o coração suspenso apenas pelas extremidades cranial e caudal.
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As camadas musculares do átrio e do ventrículo são contínuos, e as contrações ocorrem como ondas peristálticas que se iniciam no raio venoso. A circulação no inicio é do tipo fluxo- refluxo, mas ao final da quarta semana, há contrações coordenadas que se resultam num fluxo unidirecional.
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O sangue do seio venoso entra no átrio primitivo, tendo seu fluxo controlado pelas válvulas sinoatriais. Então, o sangue passa através do canal atrioventricular para o ventrículo primitivo. Quando o ventrículo se contrai, o sangue é bombeado através do bulbo cardíaco e do tronco arterial para o saco aórtico, de onde é distribuído para os arcos aórticos nos arcos faríngeos. O sangue então passa pela aorta dorsal para ser distribuído para o embrião, saco vitelínico e placenta. Não há pequena circulação, apenas ao nascimento com sobrecarga dos pulmões.
Desenvolvimento dos vasos
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A vasculogênese é a formação de novos canais vasculares pela reunião de precursores celulares individuais, os angioblastos, que se agregam em ilhotas sanguíneas.
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A angiogênese é a formação de novos vasos pela ramificação de vasos preexistentes.
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A formação de sangue só começa na quinta semana e ocorre inicialmente no fígado e mais tarde, no baço, medula óssea e nos linfonodos.
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Três pares de veias escoam-se para o coração tubular de um embrião de quatro semanas:
As veias vitelínicas seguem do saco vitelínico levando sangue pouco oxigenado e entram na extremidade venosa do coração ( o seio venoso). A veia vitelínica esquerda regressa ao passo que a veia vitelínica direita forma a maior parte do sistema portal hepático, assim como a parte inferior da veia cava.
As veias umbilicais correm em cada lado do fígado e transportam sangue oxigenado da placenta (córion) para o seio venoso. Com o desenvolvimento do fígado, as veias umbilicais perdem as suas conexões com o coração e desaguam no fígado. A veia umbilical direita desaparece durante a sétima semana, deixando a veia umbilical esquerda como o único vaso transportador do sangue oxigenado da placenta para o embrião.
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Coxins endocárdicos se formam nas paredes dorsal e ventral do canal atrioventricular (AV) , essas massas se prendem e divide o canal AV em direito e esquerdo, funcionando como válvulas entre os átrios e ventrículos.
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Sinais indutores do miocárdio atrial leva a transformação epitelial mesenquimal de um grupo de células que invadem a matrix extracelular contribuindo para a formação das válvulas e do septo membranoso do coração.
Septação do átrio primitivo:
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Decorre da formação, modificação e fusão dos septos (septum primum e septo secundum)
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O septo primum cresce a partir do teto do átrio primitivo em direção aos coxins endocárdicos em fusão, formando o forame primum ao longo do seu crescimento que formara um desvio, possibilitando que o sangue oxigenado passe do átrio direito para o esquerdo. Esse foramem é logo substituído por um forame secundarium, com a mesma função, mas que se obliteram quando o septo primum se funde com os coxins.
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O septo secundum surge da parede ventrocranial do átrio, a direita do septo primum. Então forma uma divisão incompleta entre os átrios, formando o forame oval, o qual permite que maior parte do sangue oxigenado que entra no átrio direito passa para o átrio esquerdo e impede a passagem do sangue em direção oposta. Após o nascimento, a forma oval normalmente se fecha devido a uma pressão maior no átrio esquerdo em relação ao direito e se forma uma fossa oval.
Septação do ventrículo primitivo:
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Iniciado pela crista muscular mediana – o septo interventricular primário – no assoalho do ventrículo, próximo de seu ápice, resultado da dilatação dos ventrículos em cada um dos lados.
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Até a sétima semana, há um forame interventricular entre as bordas livres do septo IV e os coxins endocárdicos fusionados, que permite a comunicação entre os ventrículos direito e esquerdo, mas que tão logo se fecha e induz a formação da porção membranácea do septo IV.
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Após o fechamento do forame IV, o tronco pulmonar fica em comunicação com o ventrículo direito e a porta se comunica com o ventrículo esquerdo.
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A cavitação das paredes ventriculares forma uma esponja de feixes musculares
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As veias cardinais constituem o principal sistema de drenagem venoso do embrião. As veias cardinais anteriores (região cefálica) e os posteriores (região caudal) rejuntam as veias cardinais comuns, as quais entram no seio venoso. A veia cardinal anterior esquerda se anastomosa com a comum e origina a veia braquiocefálica esquerda. A veia cava superior origina-se da veia cardinal anterior direita e da veia cardinal comum direita. As veias cardinais posteriores desaparecem quase completamente restando apenas às raízes das veias ilíacas comuns.
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A veia cava inferior se forma através de uma serie de alterações nas veias primitivas do tronco quando o sangue, retornando da parte caudal do embrião, é transferido do lado esquerdo para o lado direito do corpo.
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Quando os arcos faríngeos se formam durante a quarta e quinta semanas, eles são supridos por artérias ( arcos aórticos), que se originam do saco aórtico e terminam na aorta dorsal, a qual corre por toda a extensão do embrião, com a direita regredindo e a esquerda se tornando a aorta primitiva.
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Dezenas de ramos da aorta dorsal, artérias intrersegmentares, passam entre os somitos e seus derivados levando sangue para eles. Essas continuam nas porções da coluna como artérias vertebrais, intercostais, lombares, ilíacas comuns e sacrais.
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Ramos únicos da aorta dorsal suprem o saco vitelino, alantóide e o córion.
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As artérias vitelínicas seguem para o saco vitelínico e mais tarde para o intestino primitivo, permanecendo no individuo adulto como tronco celíaco para o intestino anterior, artéria mesentérica superior para o intestino médio e artéria mesentérica inferior para o intestino posterior.
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As artérias umbilicais transporta sangue pouco oxigenado para a placenta, passando pelo pedículo do embrião ( cordão umbilical) e continuando com os vasos do córion. As partes proximais da artéria umbilical tornam-se as artérias ilíacas internas e as artérias superiores, enquanto as partes distais se obliteram após o nascimento e se tornam os ligamentos umbilicais mediais.
Septação do coração primitivo:
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Em torno da metade da quarta semana inicia septação do canal atrioventricular do átrio e dos ventrículos primitivos, completando-se ao final da oitava semana.
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Todas as septações ocorrem concomitantemente.
O canal atrioventricular:
Trabeculae carnae – cujos alguns feixes se tornam os músculos papilares e aas cordas tendíneas.
Mudança do seio venoso:
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Inicialmente, o seio se abre no centro da parede dorsal do átrio primitivo e os seus cornos direito e esquerdo são aproximadamente do mesmo tamanho, mas ao final da quarta semana o corno direito é notavelmente maior.
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Inicialmente, ele é uma câmara reparada do coração e se abre na parede dorsal do átrio direito. Conforme o desenvolvimento avança, o corno esquerdo do seio venoso se torna o seio coronário e o corno direito se incorpora a parede do átrio direito.
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O átrio primitivo atua como um marca passo provisório do coração. O nó sinoatrial (SA) desenvolve-se durante a quinta semana. Originalmente, ele está na parede direita do seio venoso, mas é incorporado, junto com o seio, a parede do átrio direito.
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A maior parte da paede do átrio esquerdo é lisa, por ser formada pela incorporação da veia pulmonar primária, oriunda de um brotamento da parede atrial dorsal, junto ao lado esquerdo do coração (septum primum).
Desenvolvimento das válvulas cardíacas
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Quando a septação do tronco arterial está próxima de se completar, as válvulas semilunares começam a se desenvolver a partir de três tumefações de tecido subendocárdico ao redor dos orifícios da aorta e do tronco pulmonar, formando três cúspides de paredes delgadas.
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As válvulas atrioventriculares (tricúspide e mitral) desenvolvem-se igualmente de proliferações tissulares ao redor dos canais AV.
Derivados das artérias dos arcos faríngeos
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Quando os arcos faríngeos se desenvolvem, durante a quarta semana , eles são supridos por artérias originados do arco aórtico
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Seis pares de arcos aórticos se desenvolvem, ambos não estejam presentes ao mesmo tempo, onde na oitava semana, o padrão primitivo dos arcos aórticos é modificado para o arranjo arterial fetal final, já com seus arcos desaparecidos.
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As artérias do primeiro par de arcos faríngeos desaparecem, mas porções remanescentes formam as artérias maxilares e a carótida externa.
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As porções dorsais das artérias do segundo par persistem e formam o tronco das artérias estapédicas.
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As porções proximais das artérias do terceiro par formam as artérias carótidas comuns e carótida interna.
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O quarto arco aórtico esquerdo forma parte do arco da aorta e a artéria do arco faríngeo direito torna-se a porção proximal da artéria subclávia direita.
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As arterias do quinto par ou não se desenvolvem ou são vasos rudimentares não deixando derivados vasculares
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A artéria do sexto arco faríngeo esquerdo desenvolvem sua parte proximal em artéria pulmonar esquerda e a parte distal no ducto arterial, o sexto arco aórtico direito torna-se a artéria pulmonar direita e a parte distal da artéria se degenera.
Circulação fetal e neonatal
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Os pulmões pré-natais não fazem trocas gasosas e os vasos pulmonares estão contraídos.
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O sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes retorna da placenta pela veia umbilical, onde se aproximando do fígado, cerca de metade do sangue sofre alta pressão passa diretamente para o ducto venoso, que comunica a veia umbilical com VCI desviando o sangue para o fígado. A outra metade do sangue, a veia umbilical flui para os sinusóides hepáticos e entra na VCI através das veias hepáticas, chegando ao átrio direito não tão bem oxigenado quando oriundo das veias umbilicais.
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A maior parte do sangue da VCI é direcionada pela borda inferior do septo secundário, a crista dividens, através do forame oval, para o átrio esquerdo, onde se mistura com sangue pouco oxigenado que retorna dos pulmões. O sangue passa, então, do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo e deixa assim o coração através da aorta ascendente.
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Logo que o bebê nasce, quando cessa a circulação do sangue fetal através da placenta, o forame oval, o DA, o DV e os vasos umbilicais não são mais necessários.
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Em fetos e recém-nascidos a parede ventricular direita é mais espessa, o que se inverte nos adultos.
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O DA se contrai ao nascimento por ação da bradicinina liberado pelos pulmões durante a distensão inicial, mas há frequentemente um pequeno desvio de sangue, via DA, da aorta para o tronco pulmonar por 24 a 48 horas em um bebe normal a termo.
Desenvolvimento do Sistema Linfático
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Inicia o seu desenvolvimento no final da sexta semana, duas semanas após serem reconhecidos os primórdios do sistema cardiovascular.
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O desenvolvimento dos vasos linfáticos ocorre por anastomoses como outros vasos para formar uma rede linfática associada ao sistema venoso.
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Os vasos linfáticos logo se juntam aos sacos linfáticos e passam ao longo das veias principais para a cabeça, pescoço e membros superiores, vindo dos sacos linfáticos jugulares para o tronco inferior e membros inferiores, vindos dos sacos linfáticos ilíacos e para o intestino primitivo, vindos do saco linfático retro peritoneal e da cisterna do quilo.
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Dois grandes canais (ducto torácico direito e esquerdo) conectam os sacos jugulares á cisterna, logo se forma uma grande anastomose entre esses canais.
Por Jefferson Medeiros e Anna Caroline.
Fonte: MOORE K L., PERSAUD T.V.N. Embriologia Clínica. 9ª Edição. Elsevier, 2012.